sexta-feira, 29 de maio de 2009

Cem anos de solidão!


Úrsula se perguntava se não era preferível se deitar logo na sepultura e lhe jogarem terra por cima, e perguntava a Deus, sem medo, se realmente acredita que as pessoas eram feitas de ferro para suportarem tantas penas e mortificações;e perguntando e perguntando ia atiçando a sua própria perturbação e sentia desejos irreprimíveis de se soltar e não ter papas na língua, como um forasteiro e de se permitir afinal um instante de rebeldia, o instante tantas vezes desejado e tantas vezes adiado, para cortar a resignação pela raiz e cagar de uma vez para tudo e tirar do coração os infinitos montes de palavrões que tivera que engolir durante um século inteiro de conformismo!

- Porra! - gritou.

Amaranta que começava a colocar a roupa no baú, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião.

- Onde está? - perguntou alarmada.

- Oquê?

- O animal! - esclareceu Amaranta.

Úrsula pôs o dedo no coração.

- Aqui- disse.